terça-feira, 26 de julho de 2011

A Praia

Show no "Ô de Casa", marcando o retorno da banda Chá de Abu aos palcos com a participação da Quarteto de Cinco, Velotroz e Bobby, da Fridha, como dj. De bônus: caipiroska dobrada.
Sinceramente... Preciso dizer mais?

É, você acertou: sim, preciso. Mas não necessariamente do show.

Acho que todo o conjunto já deixava óbvio que seria uma noite divertida. A proposta do show desde o princípio marcava um retorno. Acabei por perceber que não se limitava apenas ao retorno da Chá de Abu, mas ao retorno dos velhos tempos de World Bar.
Pois é. Como não se lembrar do World Bar? O mais engraçado e curioso é que durante a divulgação ocorria sempre o seguinte diálogo:
- Show no Ô de Casa, R$10, roska dobrada.
- Ô de Casa?
- É. O antigo World Bar, pô.
- Ahhh! Por quê não falou antes?
Em determinado momento da noite alguém até brincou: "Devia ter um subtítulo na porta dizendo 'Antigo World Bar', não concorda?"

Quando cheguei, pensei que tinha errado de transversal, mas era ali mesmo: Travessa Dias d'Ávila. Não parecia o mesmo lugar. A estrutura foi tão transformada que tive que ir relembrando aos poucos da fachada - que tinha uma varanda com mesas e diversas bandeiras penduradas na parede. A varanda fora extinta e agora existe apenas uma grande porta de madeira que leva a um pequeno corredor e uma porta de vidro. Transpassando essa porta, lá estávamos nós: Ô de Casa.

Na sequência show da Velotroz, Chá de Abu, Quarteto de Cinco. Com o término, boa parte das pessoas começaram a se retirar do espaço. Se ao menos essas mesmas pessoas soubessem o que ia ocorrer em seguida, acredito cegamente que elas não teriam ido embora.
A noite já se aproximava do dia quando Pietro Leal e Silvio de Carvalho se dirigiram ao palco e começaram a cantar e tocar. Quem realmente gosta de música iria se deleitar. Quem estava lá não só se deleitou, mas se sentiu - mais do que nunca - parte daquilo. Foi algo intimista que deixou todos tão à vontade que praticamente uma rodada de karaokê foi iniciada. Tatyanna Hayne, Nardele Gomes e mais 15 pessoas da platéia - eu entre elas - dando sequência a madrugada. E então assume João Victor com "Rien Du Rien", com um coro forte de 7 mulheres, se não me falha a memória - eu entre elas, novamente.
Em meio a cantoria surge a ideia: que tal irmos à praia? Depois de muita indecisão dentro de mim, uma mocinha muito sagaz chamada Stéphanie me faz uma pergunta pertinente: "Você tem pressa?". Aquela foi a pergunta que destruiu toda a minha base argumentiva. Vivemos em um mundo com tanta pressa e dentro de mim havia pressa. Mas de quê?
"Não, não tenho", respondi pra mim mesma. Vamos à la playa.

Uma lua putamente bela, uma brisa fria, violão, areia. Lá estamos nós, vendo o dia nascer feliz. Relembrando e fazendo atos que já não tínhamos tempo ou que nunca tínhamos feito. Contei uma mentira para meus pais. Inofensiva. Eu não teria me perdoado nunca se tivesse ido para casa.
Fiquei me perguntando depois como seria se eu tivesse ido. Acabou o show, paga a conta, vai pra casa e dorme até tarde. Um robôzinho. E aí? Quando eu finalmente fui pra casa, umas 9h da manhã, vi ao longo do caminho pessoas caminhando e uma música veio automaticamente na minha cabeça: "Vamos sair pra ver o mar, pra ver o dia... Vamos sair, que lindo dia...".
Cheguei, abracei meus pais, coloquei o tênis e saí.

Acho que o fato de gostar da Quarteto de Cinco não é mera coincidência. Nunca foi.

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Para vocês.

Bruna Cook